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HOJE O ORGULHO É TRANS


HOJE O ORGULHO É TRANS

O mês do Orgulho LGBTQIA+ simboliza um momento revolucionário, em que nesta mesma data, dia 28 de junho de 1969 aconteceu a chamada revolta de Stonewall em Nova Iorque, um movimento de luta contra a recorrente opressão de policiais com os frequentadores do bar Stonewall Inn. Esse ato promoveu mudanças permanentes no cenário social para a população LGBTQIA +, visto que o mesmo ganhou repercussão mundial, impactando e fortalecendo outros países a também enfrentarem e lutarem por seus direitos.

 

Na sigla, a letra T (Transgêneros, Transexuais e Travestis) a todo momento esteve à frente dos movimentos sociais em busca de direitos para exercer sua existência na sociedade. Mesmo estampando manchetes nas capas dos jornais ou aparecendo na televisão em atos políticos, esses indivíduos nunca foram representados de maneira humanitária de modo que não os ferissem ou invadissem suas vivências, mas hoje, queremos além de celebrar essa data por todos aqueles que batalharam para esse momento presente, mostrar histórias daqueles que ainda permanecem lutando diariamente por sua existência.

 

Nesta edição apresentamos a história da Priscila Galdino, a primeira mulher transexual a se casar na cidade de Sorocaba, São Paulo. Ela segue em busca de criar narrativas para sua vida, atualmente graduanda em Pedagogia, nos conta suas expectativas para com esse novo mundo em que está entrando.

 

 

Como foi ter um casamento tão simbólico para a comunidade LGBTQIA+?

“Eu ainda me considero a primeira mulher trans a se casar em Sorocaba, oficialmente, me sinto orgulhosa de ter aberto essa porta para todas as pessoas trans que também tinham esse sonho. Quando foi sancionada a lei da união civil para pessoas trans em 2011, foi uma grande vitória, mas que depressa corremos para realizar a cerimônia o quanto antes, pois foi um momento muito esperado, que precisava ser registrado, não para mostrar para as pessoas, estava dentro de nós, assim como os casais heterossexuais tem esse sonho do casamento, nós também tínhamos esse desejo.

 

Não foi fácil todo esse enfrentamento durante os anos, mas basta uma iniciativa, só depende da gente, se você muda, o mundo muda, pode demorar muito anos, mas nós só precisamos dar o pontapé inicial.”

 

Atualmente você está cursando Pedagogia, como foi o processo para escolher essa área? 

"Há quase 3 anos venho trabalhando na ideia de ingressar na universidade, pois venho de muitos enfrentamentos, como preconceito, exclusão no mercado de trabalho, senti na pele a discriminação pelo fato de ser travesti, assim que éramos referidas antes de surgir o termo mulher trans, e apesar de ser bem doloroso, resgatei forças para continuar e acreditar que eu era capaz e poderia fazer diferença lá na frente, com incentivo de muitas pessoas que me ajudaram a ter coragem para entrar na área da educação. 

Quando eu escolhi Pedagogia, também foi pelo fato de mostrar que uma mulher trans não é limitada a determinadas profissões, ela pode e deve escolher a profissão que quiser, eu posso ser cozinheira, auxiliar de limpeza, cuidadora, são profissões que eu já exerci e não posso deixar que escolham minha profissão, tenho que ter essa autonomia de escolha.”

O que você deseja para o futuro na letra T?

 

“Eu espero poder abrir portas para as meninas, que elas se despertem para isso, temos que enfrentar, a luta não é fácil, mas eu queria muito que elas voltassem para os estudos. Assim como eu que não conclui o fundamental por não ter coragem de encarar uma sala de aula, vemos muitas por aí, mas acredito que todas são capazes de retomar e reconstruírem essa parte da vida.”

 

E para além do Mês do Orgulho LGBTQIA+?

“Eu queria muito que todos tivessem a consciência que a falta de aceitação afeta muito o psicológico, precisamos perder o medo, então acredito que se as pessoas LGBTQIA+ começarem a se aceitar, as coisas começam a mudar, porque você só é aceito quando você se aceita e se orgulha de quem é.

 

Eu sofri muito, anos atrás eu me reprimia demais enquanto eu ainda não me aceitava como mulher trans, mas quando me aceitei e joguei isso para o mundo, aquele sofrimento e angustia acabaram.”para com esse novo mundo em que está entrando.

 

 

Fotografia: Giovanni Moraes

Produção de Moda: Fábia Ferraz